quarta-feira, 14 de maio de 2008

Um dia especial...

Hoje está sendo um dia realmente especial.

Após meses procastinando, pra variar, com uma chata dor nas costas (dizem que é na lombar) e às vezes no joelho, finalmente fui a uma consulta para fazer um check up da minha saúde. Foi numa clínica médica ali na Ramiro Barcelos, quem é de Porto Alegre deve conhecer a rua das árvores. Por falar nelas, hoje tive uma relação muito especial com as mesmas. E, para a minha felicidade, um pouco fora do comum. Não entendo o direito o motivo, mas na verdade tenho uma grande vontade de fazer coisas novas, diferentes e fora do comum (mas isso é assunto para depois).

Percebam que tenho uma séria dificuldade com conexões? Ainda estou tentando encontrar uma maneira de relacionar as árvores com a minha passagem pela redenção em plena terça-feira a tarde, as 13h. Quando na vida que eu iria pensar em cruzar no meio da redenção, num dia de semana, as 13h? É beeeem diferente do final de semana. Para começar tem umas mil vezes menos pessoas, tudo fica mais silencioso e se consegue enxergar mais longe. Recomendo a experiência a todos! :)

Um tempo depois da Redença e eu estava no consultório do doutor "Sérgio", um clínico médico. Fiz o cadastro e logo ele estava me atendendo. Tudo muito eficaz! Alguns minutos de consulta, ele me entregou a indicação de uns 3 traumatos e recebi um: "está tudo bem contigo, pode ficar tranquilo. tu é jovem e ainda está longe de ter problemas de saúde. Só precisa fazer estes exames de rotina e me trazer aqui depois.". Legal... :}

Saí de lá e resolvi tomar um cafézinho na Listo. Pensei comigo: "como é bom folga no trabalho!". Relaxei... pedi um mocaccino, paguei os R$ 5,40 e esperei numa mesa na calçada, bem proxima a loja, olhando para a rua. visão privilegiada. Cara, como é legal ficar percebendo as coisas, observando as pessoas, ouvindo os sons... Coisas que a gente sempre põe no automático e se esquece de que é capaz de fazer.

Na mesa a frente bem a esquerda, mais próxima a rua, havia 3 moças, provavelmente eram da medicina. Estavam falando sobre os homens/namorados e sobre como elas faziam para fugir dos mesmos. Uma disse: "Mas é que a casa dele fica no caminho entre meu trabalho e a minha... Agora estou fazendo um desvio maior para não passar na frente da casa dele!", a outra completou: "Uma vez eu tinha uns rolos que moravam perto da minha casa... a medida que fui "angariando mais rolos", chegou um momento em que todos caminhos diferentes acabaram e eu não tinha como evitar passar na frente da casa de um deles!". Éééé...

Na mesa ao lado delas, a direita, havia um cara sozinho. Era do estilo fortinho "classe b", diferente dos bombadões. Era um cara comum, mas meio pedreiro* com as mulheres (aliás, dizem que todo homem é pedreiro!). O legal dele é que quando passavam moças na calçada ou no bar ele não media esforços para deixar bem visível que estava atraído por elas. Hehehe! Há quem goste.

Na rua, jovens estudantes indo para a aula, passeando e sorrindo com suas piadas. Uma jovem e perua madame passeando com seus brilhos e seu poddle (lembrei da Janete). Um jovem rapaz colocando moedas no parquímetro (quem inventou este aparelho deve estar milionário!). Enfim, tudo ia muito bem.

Mas o caso mais peculiar se passava na mesa ao meu lado, onde uma jovem moça com sotaque meio carioca meio paulista (ela poderia ser de qualquer um dos dois "países") conversava com o seu pai. Ele, um senhor grisalho, beirando os 55 anos de idade, olhos claros (Tenho dificuldade para diferenciar azul ou verde. Há que diga que meu azul é um verde.). Este senhor, provavelmente um escritor, filosofava: "para que escrever, se não querem ler?" e comentava a respeito da falta de cultura das pessoas ao seu redor. Eles falavam sobre Clarice Lispector entre outros...

Parecia que eles estavam tentando encontrar a solução para algum problema, encontrar alguma maneira de escrever alguma coisa. Havia algo que ele queria fazer, mas não sabia o que e muito menos como fazer. Até que a filha disse: "Pai, não vou mais para Amsterdã!". Ele estranhou, mas queria entender o porquê. Ela disse que Porto Alegre é muito similar àquela cidade. Então ambos chegaram a seguinte conclusão: "Amsterdã é Porto Alegre".

Antes de partir, desejei sucesso ao senhor em sua busca por idéias e na realização do seu propósito (seja ele qual fosse). Eles me olharam com uma cara estranha de "não entendemos", dei tchau e parti. Das duas uma: ou eles ficaram felizes com a minha contribuição randômica, ou eles acharam muito bizarro e engraçado o fato de uma pessoa pedir licensa, se intrometer na conversa e falar coisas boas a eles desejando sucesso. De qualquer maneira, acredito que eles ficaram um pouco mais felizes. Ou, ao menos, ficaram um tempo pensando sobre a situação e sobre como a vida pode ser inesperada. Talvez este gesto tenha trazido a inspiração para o velho senhor escrever (e eu acredito que sim). Pena que não sei quem ele é, senão procuraria um texto dele numa coluna do jornal ou num blog amanhã.

Qual a conclusão que tiro de tudo isso? Que uma coisa realmente muito simples que a gente faz pode causar mudanças realmente grandes para nós mesmos e até para os outros. Desde caminhar na redenção no horário de trabalho até ficar alguns minutos tomando um café e observando as pessoas. Experimentem!

*pedreiro: É o homem que "dá no meio das mulheres" ao velho e bom estilo pedreiro. Com aquele olhar bem descarado, curvando todo o corpo para a moça numa posição que só falta juntar um tijolo do chão, jogar na moça e dizer: "ôôõô lá em casa! chêêêêróóósaaaa!!!" (OBS: desnecessário ressaltar que existe muita mulher que curte este tipo de rapaz)

Um comentário:

  1. Daê, meu velho! Curioso, esse teu post me fez lembrar de um outro blog interessante. Dá uma olhada, acho que pode te interessar: http://opensadorselvagem.org/blog/vidaseimagens/
    Um abraço!

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